Vendo a beleza da vida consagrada, resolvi postar aqui uma matéria sobre os conselhos evangélicos no qual norteiam a vida Consagrada. Que possamos sempre pedir a Deus a graça de sermos Obedientes à sua vontade, Castos e Pobres conforme Cristo o foi.
O que são e o que devem
significar em nós os conselhos evangélicos?
Aquilo mesmo que eles
foram em Cristo e ter a mesma significação que tiveram nele. Do contrário seria
necessário a condição evangélica da vida consagrada. Se a vida consagrada é em
sua própria essência seguimento e imitação radical de Jesus Cristo virgem-pobre-obediente.
Os conselhos evangélicos
na vida consagrada são afirmação clara da primazia absoluta do Reino, presença
no mundo dos bens definitivos, prefiguração e experiência da vida eterna e da
ressurreição gloriosa.
Devemos então, viver os
conselhos evangélicos com o mesmo sentido que Cristo viveu, porém para nós,
homens pecadores, precisamos acrescentar uma afirmação complementar: os
conselhos evangélicos devem se tornar meios removedores de obstáculos, em
mortificação das raízes de pecado-de cobiça, de egoísmo, de soberba (as
concupiscências) que existem em nós, inclusive depois do batismo, e que um dia
podem se transformar em frutos de pecado. São pedagogia para o amor, além de
ser constitutivamente amor. Porque a amar se aprende amando. E esta é uma
significação que em Cristo não tiveram.
Para nós assume também o
caráter ascético, mas não para aí, porque seria privá-las de todo o seu sentido
cristológico e, consequentemente esvaziá-los de seu conteúdo melhor. Deixariam
então, de ser realidades e atitudes evangélicas, para ser simplesmente costumes
ascéticos ou meios humanos de purificação.
A Castidade:
Prometer viver a
castidade, significa imediatamente amar ao Pai e a todos os homens com o mesmo
amor total, divino e humano de Cristo, que cria uma fraternidade universal com
um tipo de relaçao interpessoal que continuará sendo válidas na outra vida, a
fim de transcender toda mediação fundada nos sentidos (prazer pelo prazer).
A castidade vem de
encontro a concupiscência do prazer, vem dar ao prazer o seu verdadeiro
significado.
Celibatário (virgindade
consagrada) - vive essa dimensão acrescida da renúncia ao matrimônio e ao
exercício da sexualidade como conseqüência lógica desse amor imediato, total
para viver inteiramente para o Reino. Evitando toda polarização e toda
imediação no amor.
A castidade esponsal da
Igreja na vida consagrada
A igreja por si é
realmente virgem como Cristo, porque é esposa de Cristo: "Desposei-vos a
um único Esposo para vos apresentar a Cristo como virgem pura. (2 Cor. 11,2s)
Quando Jesus comunica
seu Espírito à Igreja, comunica-lhe a sua virgindade. Virgindade cristã não
significa, então, renúncia ao matrimônio, mas acolhida total do Espírito de
Cristo; a renúncia ao matrimônio pode ser um modo significativo de manifestar
esta acolhida do Espírito.
Santo Agostinho diz:
"Criou a Igreja virgem e por isso é virgem. Na carne há somente virgens
consagradas; na fé todos devem ser virgens, homens e mulheres... Virgem é,
pois, a Igreja: é virgem, seja virgem!"
Portanto, precisamos
cada vez mais entregar nossos sentidos a Deus: o nosso olhar, o nosso gosto, o
nosso cheiro, o nosso ouvir, o nosso falar, o nosso tocar, o nosso sentir.
A pobreza: O Pai é a
nossa única riqueza
A pobreza de Cristo foi,
em face ao Pai, confiança absoluta, que ele expressou numa renúncia explícita a
todo outro apoio, para afirmar decididamente que se apoiava somente nele, e
proclamar a relatividade de todo o criado diante do valor absoluto do Reino.
Em face aos homens foi
disponibilidade de tudo o que era e de tudo o que tinha. Em face a si mesmo, a
pobreza foi parte integrante de seu ministério de aniquilamento. Em face dos
bens desse mundo liberdade soberana.
Prometer viver na
pobreza (fraternidade, unidade), pobreza quer dizer, empenhar-se em confiar
infinitamente em Deus, apoiando-se unicamente nele, viver decididamente, para
os outros, compartilhando tudo o que se é e tudo o que se tem com os irmãos,
não pertencer-se para pertencer a todos, e manter diante de todas as coisas
plena liberdade e independência ativa. É portanto, um meio de se vencer a
concupiscência do possuir, que atinge uma dimensão muito maior do que somente
ajuntar tesouros na terra.
A Obediência: O desafio
da liberdade na obediência
A obediência em Cristo
foi submissão filial plena e amorosa ao querer do Pai. Foi estado e atitude de
perfeita docilidade, ativa e responsável à vontade do Pai. Foi saber-se centro
do plano salvífico de Deus, aceitá-lo incondicionalmente com todas as suas
consequências.
Fazer voto de obediência
significa comprometer-se diante de Deus e diante dos irmãos a viver em atitude
de total docilidade à vontade amorosa do Pai e a acolhê-la filialmente como
critério único de vida, sejam quais forem as mediações humanas ou sinais que
manifestam essa vontade.
Se estivermos atentos a
vontade de Deus não esperaremos que as nossas autoridades a revele para nós e
nem resistiremos aos absurdos ou mesmo aquilo que para nós é muito difícil. Nós
mesmos exporemos a vontade de Deus para elas e as ajudaremos a descobrir
conosco o que Deus tem para nós. Contribuiremos positivamente no caminho de
Deus para as nossas vidas.
Para vivermos a
obediência não podemos assumir uma atitude passiva ou muito menos uma atitude
de nos esconder da vontade de Deus e nos colocarmos indispostos, resistentes, a
ela, mas uma atitude de descoberta, uma disposição interior, uma determinação
de descoberta para vivê-la. Como nós não queremos vivê-la nem queremos
descobrí-la. O conhecimento da vontade de Deus nos leva a responsabilidade e
não temos como nos abster de cumprí-la.
Os grandes desafios da
vida consagrada
A missão profética da
vida consagrada vê-se provocada por três desafios principais, lançados à
própria Igreja e esses desafios tocam diretamente os conselhos evangélicos de
castidade, pobreza e obediência, estimulando a Igreja, e de modo particular as
pessoas consagradas, a pôr em evidência e testemunhar o seu significado
antropológico profundo. Na verdade, a opção por esses conselhos, longe de
constituir um empobrecimento de valores autenticamente humanas, revela-se antes
como uma transfiguração dos mesmos. Os conselhos evangélicos não devem ser
considerados como uma negação dos valores inerentes à sexualidade, ao legítimo
desejo de usufruir de bens materiais, e de decidir autonomamente sobre si
próprio. Essas inclinações, enquanto fundadas na natureza, são boas em si
mesmas, mas a criatura humana, enfraquecida como está pelo pecado original,
corre o risco da as exercitar de modo transgressivo. A profissão de castidade,
pobreza e obediência, torna-se uma admoestação a que não se subestimem as
feridas causadas pelo pecado original, e, embora afirmando o valor dos bens
criados, relativiza-os pelo simples fato de apontar Deus como o bem absoluto.

Fonte: Formação - Comunidade Católica Shalom